Orun Aiyé vem resgatar toda a tradição da cultura africana, tão importante no sincretismo e na cultura religiosa do povo brasileiro.
A cultura nagô-yorubá chegou ao Brasil através dos escravos africanos e sempre foi altamente reprimida por influência da Igreja Católica. Por isso, todas as cantigas, rituais e rezas eram transmitidas oralmente entre os iniciados. Orun Aiyé é o registro de um trabalho de pesquisa desenvolvido durante anos pelo autor, e começa mostrando as explicações elementares da escrita e pronúncia yorubá. Apresentando o sistema de crença geral, partindo dos conceitos religiosos de Deus, do Universo, e chegando à explicação das funções e cargos hierárquicos, a obra de Beniste se aprofunda em esclarecimentos sobre os cânticos e as rezas dos iniciados no candomblé para resgatar as origens e crenças das raizes africanas.
Segundo Beniste “no campo dos estudos afro-brasileiros, há sempre a tendência de se fazer com que uma pesquisa seja ajustada a uma teoria préconcebida. Há ainda a tendência de se supor alguma coisa como verdade sem ter sido feita uma investigação adequada. E isso diz respeito àqueles que estudam os costumes e a ciência de povos vivem em mundos de idéias e crenças diferentes daquele em que foram educados. O mesmo ocorre com o que se chama de “parte de dentro de um Candomblé”. Para entendê-la é necessário ir a esse povo, encontrá-lo, vê-lo como realmente é; entrar solidariamente em seus sentidos para saber o que pensa, e não o que achamos que esse povo deveria pensar e crer”.
" SOBRE O AUTOR:José Beniste é conferencista e autor de ensaios sobre os diversos cultos de raízes africanistas. Foi iniciado no Candomblé Ketu em 1984. Historiador, pesquisador e integrante de movimentos que visam a restauração da dignidade religiosa afro-brasileira, José Beniste mantém uma vasta documentação sobre a história do candomblé no Brasil e demais segmentos religiosos, com literatura especializada e centenas de gravações e depoimentos. Esses depoimentos foram conseguidos através de seu programa radiofônico sobre as religiões afro-brasileiras, em 1970, e até hoje são consultados por estudiosos do assunto. Lançou também, pela Bertrand Brasil, História dos Candomblés do Rio de Janeiro.