Um século depois de sua publicação por Freud, o caso do Homem dos Lobos insiste em retornar no campo psicanalítico, sempre suscitando controvérsias em diversos níveis de discussão. Essa persistência é consequência de sua condição de caso enigmático. Desse modo, ao repetir-se compulsivamente na literatura psicanalítica, ele nos retorna de formas distintas e demanda perlaborações. Nesse sentido, o Homem dos Lobos atravessa o tempo e permanece sem ponto final. Precisamente em função disso, História de uma neurose infantil é um escrito paradigmático em psicanálise. Seus efeitos na metapsicologia e até mesmo na história da psicanálise são notáveis. Um dos esforços em questão neste livro é mapear e situar tais efeitos. Vale ressaltar que o projeto que resulta nessas páginas sustenta-se em duas premissas capitais: a primeira é a celebração do historial em seu centenário como forma de homenagem ao texto e legado freudiano. A segunda trata-se da ideia de fazer trabalhar essa obra em sua atualidade para nossa clínica cotidiana. Está em jogo, portanto, um empreendimento não só de produção teórica, mas de investigação. Com esses desafios no horizonte, convocamos psicanalistas de diversas tendências teóricas e institucionais visando fazer valer a diversidade da psicanálise enquanto atitude ética e política.