Antologia histórica de textos do autor homenageado na Flip 2024 retorna às livrarias com nova capa.
É difícil distinguir onde termina o jornalismo e começa a literatura na obra de João do Rio. Nascido João Paulo Alberto Coelho Barreto, estreou cedo, aos 17 anos, na revista Cidade do Rio, e apenas dois anos depois começou a contribuir para a Gazeta de Notícias, periódico que acolheria os textos que o tornaram imortal da literatura brasileira.
João do Rio foi, antes de tudo, um observador das ruas, dos costumes e das gentes. Um flâneur. Com brilho e engenho verbal, eternizou o início do século, a modernização do Brasil e, em especial, da capital da República, o Rio de Janeiro. Reportagens, contos e crônicas formam o escopo de sua obra. Ele era como um fotógrafo – profissão que se popularizava – e criou o retrato de uma época ao escrever um país que se descobria e criava para si um humor próprio, irônico, satírico e vívido, ilustrado por postes elétricos, automóveis, cinematógrafos, teatros, modern girls e pelo dandismo.
Luís Martins, que assina a seleção e a apresentação desta antologia, foi também premiado jornalista, escritor e, claro, cronista. Um discípulo de João do Rio em sua forma de compreender e descrever a cidade, seus habitantes e mistérios. Martins selecionou especialmente para esta antologia textos de clássicos como A alma encantadora das ruas, As religiões do Rio, Cinematógrafo: crônicas cariocas, Vida vertiginosa, A correspondência de uma estação de cura, entre outros.
Nesta seleção, pode-se encontrar o gênio boêmio de João do Rio, de olhos aguçados e caneta afiada. Tal qual uma máquina do tempo, esta antologia nos transporta para o início do século passado e nos faz entender como João do Rio conseguiu a proeza de ser eleito imortal da Academia Brasileira de Letras aos 29 anos. Nas palavras de Luís Martins: “Na história da crônica brasileira há um período anterior - e um posterior a João do Rio”. Temos aqui o melhor registro disso.
SOBRE O AUTOR:Luís Martins foi jornalista, crítico e escritor, nascido em 5 de março de 1907 no Rio de Janeiro. Em 1928, com 21 anos, publicou o primeiro livro de versos, Sinos. Depois, publicou o romance Lapa, de ampla repercussão, inclusive fora do país, A terra come tudo, A pintura moderna no Brasil e Fazenda. Em 1963, o Departamento de Estado dos Estados Unidos convidou-o a visitar o país em missão cultural e para dar aula de literatura brasileira na Universidade de Nova York. Foi eleito, em 9 de outubro de 1969, para a cadeira número 28 da Academia Paulista de Letras. Luís Martins faleceu em 1981 na cidade de São Paulo.
João do Rio foi jornalista, cronista, contista e teatrólogo. Considerado um dos maiores cronistas brasileiros, eternizou o início do século XX, a modernização do Brasil e, em especial, da capital da República, o Rio de Janeiro. Negro, gordo e homossexual, foi o acadêmico mais jovem a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras. É autor de diversos livros, entre eles Vida vertiginosa, A alma encantadora das ruas e As religiões e o Rio.