A protagonista deste thriller psicológico ambientado na pequena Webster, no Minnesota, é Lily Dahl, uma aspirante a atriz de dezenove anos que trabalha como garçonete no Café Ideal. Como todos naquela "aldeiazinha morta", Lily leva uma vida sem grandes sobressaltos. Seis dias por semana, a partir das cinco da manhã, ela está pronta para servir, com algum bom humor, café e ovos mexidos aos personagens solitários de sempre. Sua única ponte para o mundo é Edward Shapiro, um misterioso e atraente pintor nova-iorquino que vive num quarto de hotel em frente ao prédio onde ela mora. Mais do que virar tema das rodas de fofoca da cidade, seu romance com o forasteiro logo se torna assunto recorrente entre ela e um amigo seu de infância, Martin Petersen, um jovem estranho e tímido que alimenta uma estranha obsessão por Lily. Com descrições precisas de gestos e pensamentos, Siri Hustvedt demonstra seu talento em dar alma e corpo às palavras. Para além de uma insólita história de suspense, O encantamento de Lily Dahl é também um acerto de contas entre Siri e o provincianismo de seu torrão natal.