Considerado um dos mais importantes romances brasileiros da década de 1930, Angústia, de Graciliano Ramos, estreia em nova edição de bolso. A única edição autorizada pelo Instituto Graciliano Ramos, que reverte parte dos direitos autorais à ONG Innocence Project Brasil.
Angústia tem como protagonista Luís Silva, um funcionário público de Maceió que, aos 35 anos, levava uma vida medíocre e sem grandes emoções até se apaixonar por Marina Ramalho e convencê-la a se casar com ele.
De início, a jovem demonstra certo interesse no relacionamento e no conforto material que o matrimônio poderia lhe proporcionar, mas, tão logo se desilude com o jeito bruto de Silva e suas grosserias, acaba trocando o noivo por Julião Tavares, um homem mais rico e poderoso. Consumido pelos ciúmes e pelo rancor, Silva se torna obcecado pela vida de Marina, enquanto sonha em eliminar o rival.
Narrado em primeira pessoa, o romance adota uma estrutura temporal não linear e segue o fluxo de consciência do narrador-personagem, aproximando o leitor dos intensos sentimentos provocados pelos conflitos internos e externos enfrentados por Luís Silva.
Publicado originalmente em 1936, no ano em que Graciliano Ramos ainda estava encarcerado sob a repressão do Governo Vargas, Angústia retorna agora em uma nova edição de bolso, reafirmando seu papel como uma das obras mais influentes da literatura brasileira.
SOBRE O AUTOR:Graciliano Ramos nasceu em 27 de outubro de 1892, na cidade de Quebrangulo, Alagoas. Entre 1914 e 1915, então no Rio de Janeiro, trabalhou como revisor nos jornais Correio da Manhã, A Tarde e O Século. Casou-se em 21 de outubro de 1915 com Maria Augusta de Barros, com quem teve quatro filhos. Em 1926, já viúvo, casou-se novamente, com Heloisa Medeiros, companheira até o fim da vida e mãe de seus outros quatro filhos; e foi eleito prefeito de Palmeira dos Índios — cargo a que renunciou, em 1930, dois anos após a posse. Poucos meses depois, foi nomeado diretor da Imprensa Oficial de Alagoas, mas pediu demissão em dezembro de 1931. Em 1933, publicou seu romance de estreia, Caetés. No mesmo ano, foi nomeado diretor da Instrução Pública de Alagoas e contratado como redator do Jornal de Alagoas. Em 1934, publicou seu segundo romance, S. Bernardo. Em março de 1936, foi preso, em Maceió, sem acusação formal, sob a alegação de que seria comunista. Passou por várias prisões em Maceió e Recife. Seguiu no porão de um navio para o Rio de Janeiro, onde ficou quase um ano na cadeia. Em agosto, ainda na prisão, publicou o romance Angústia. Ao sair do cárcere, morou no Rio de Janeiro com a família. Iniciou a publicação de alguns contos no jornal argentino La Prensa, entre eles “Baleia”, que faria parte de Vidas secas, lançado em 1938. Ao completar 50 anos, recebeu o Prêmio Felipe de Oliveira pelo conjunto da obra. Em 1945, filiou-se ao Partido Comunista a convite de Luís Carlos Prestes. Em 30 de março de 1953, aos 61 anos, faleceu na cidade do Rio de Janeiro.